Milhões de brasileiros com carteira assinada estão sendo surpreendidos pela ausência de depósitos regulares no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Estima-se que 1,6 milhão de empresas em todo o país estejam em débito com o fundo, acumulando uma dívida que ultrapassa R$ 10 bilhões e afetando cerca de 9,5 milhões de trabalhadores. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro concentram o maior número de casos.
O FGTS corresponde a 8% do salário bruto do trabalhador e é fundamental para garantir proteção em situações como demissão sem justa causa, doenças graves e aquisição da casa própria. Muitos empregados só descobrem a irregularidade por acaso, como o lanterneiro Ronaldo de Souza Dias, que teve apenas três depósitos em mais de três anos de trabalho. Advogados trabalhistas alertam que a falta desses depósitos configura falta grave da empresa, podendo resultar em rescisão indireta do contrato com todos os direitos assegurados.
O Ministério do Trabalho, por meio da Secretaria de Inspeção do Trabalho, intensifica a cobrança administrativa para regularizar os pagamentos. Caso as empresas não atendam às notificações, poderão ser fiscalizadas e multadas. A inadimplência compromete o planejamento financeiro dos trabalhadores, que contam com o FGTS para emergências e investimentos pessoais, como a compra da casa própria.