O diretor de comunicação da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), Rodolpho Heck Ramazzinio, afirmou em entrevista à TV Brasil nesta segunda-feira (29) que o metanol importado pelo crime organizado para adulterar combustíveis pode ter sido desviado para distribuidoras clandestinas de bebidas, o que explicaria os recentes casos de intoxicação no estado de São Paulo. A suspeita ganhou força após a Operação Carbono Oculto, realizada pela Receita Federal e órgãos parceiros no final de agosto, que desmantelou um esquema de fraudes, lavagem de dinheiro e falsificação no setor de combustíveis.
Segundo Ramazzinio, com as empresas interditadas pela operação, o grupo criminoso passou a armazenar o metanol em outras empresas e a vendê-lo para destilarias clandestinas, visando aumentar o volume e a escala da produção ilegal, sem preocupação com os riscos à saúde pública. O Anuário da Falsificação da ABCF 2025 aponta que o setor de bebidas foi o mais afetado pelo mercado ilegal em 2024, com perdas estimadas em R$ 88 bilhões, incluindo R$ 29 bilhões em sonegação fiscal e R$ 59 bilhões em faturamento perdido pelas indústrias legalizadas.
Desde junho deste ano, o governo do estado de São Paulo confirmou seis casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas adulteradas, com três mortes registradas. O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) reforça que o consumo de bebidas clandestinas representa grave risco à saúde e recomenda que bares, empresas e consumidores verifiquem a procedência dos produtos, optando por fabricantes legalizados com selo fiscal e lacre de segurança. As investigações seguem para conter a circulação dessas substâncias tóxicas e proteger a população.