A viola de cocho, reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Brasil desde 2004, representa um dos símbolos mais autênticos da identidade pantaneira. Esculpido em um único tronco de madeira, o instrumento é fundamental em manifestações culturais como o cururu e o siriri, que atravessam gerações em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O mestre Alcides Ribeiro dos Santos, fundador do Museu da Viola de Cocho em Santo Antônio do Leverger (MT), destaca que cada peça é única, moldada conforme o estilo do músico que a utilizará.
Alcides, descendente de quatro gerações de violeiros, aprendeu a arte de transformar troncos em música desde jovem. Ele explica que a tradição da viola de cocho se consolidou a partir de adaptações da guitarra portuguesa, e hoje utiliza cordas de nylon para manter a sonoridade peculiar do instrumento. Ao lado dele, o violeiro e pesquisador Roberto Corrêa tem sido fundamental na difusão da viola em festivais e universidades, contribuindo para a preservação dessa rica herança cultural.
As implicações dessa preservação são significativas, pois garantem que a tradição da viola de cocho continue a ser transmitida às futuras gerações. Com o lançamento recente do EP “Solos de Unha e Carne” por Corrêa, a música pantaneira ganha novos espaços e visibilidade. Assim, a união entre artesanato e música não apenas enriquece a cultura local, mas também fortalece a identidade do Pantanal no cenário nacional e internacional.