A entrada do Mercado Livre (BDR: MELI34) no setor farmacêutico brasileiro promete alterar profundamente o varejo de medicamentos. De acordo com analistas do Itaú BBA, a gigante do e-commerce deve superar, até 2025, o volume bruto de mercadorias (GMV) de todo o mercado farmacêutico nacional, prevendo-se que a categoria farma represente 6,5% do GMV da companhia até 2030. Essa mudança acende um alerta para a Raia Drogasil (RADL3), líder no varejo farmacêutico, que poderá ver suas margens pressionadas em até 200 pontos-base nos próximos três a cinco anos, não apenas pela perda de clientes, mas pela necessidade de reduzir preços para se manter competitiva.
O avanço do Mercado Livre no segmento de medicamentos isentos de prescrição (OTC) é especialmente preocupante, uma vez que essa categoria já movimentou US$ 8,5 bilhões em 2024 e apresenta uma taxa de crescimento anual composta de 13%. Com uma penetração online de 26% no Brasil, próxima ao nível dos Estados Unidos, os analistas estimam que a participação online de OTC pode chegar a 35% até 2030. Isso poderia resultar em um GMV de US$ 2 bilhões para o Mercado Livre, representando cerca de 3% do GMV total da empresa no Brasil. A pressão sobre as margens da Raia Drogasil pode ser ainda mais acentuada quando se considera o impacto em produtos de higiene pessoal e beleza, com uma possível redução total de até 3,3 pontos percentuais na margem bruta da rede.
Os analistas do Itaú BBA acreditam que as farmácias independentes serão as mais afetadas pelo crescimento do comércio eletrônico, com uma previsão de que entre 25% e 45% desses estabelecimentos possam sair do mercado. Desde 2014, essas farmácias já perderam 13 pontos percentuais de participação, enquanto a Raia Drogasil absorveu mais da metade desse volume. Apesar da pressão competitiva, a RD Saúde ainda possui espaço para compensar perdas e potencialmente capturar parte da receita deixada por farmácias independentes em dificuldades.