O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, com vetos, o projeto aprovado pelo Congresso que alterava a Lei da Ficha Limpa. Foram barrados os dispositivos que diminuíam o período de inelegibilidade de políticos condenados e impediam a aplicação retroativa das mudanças. Atualmente, a inelegibilidade é de oito anos, contados a partir do fim do mandato ou do cumprimento da pena; o texto aprovado pelo Senado propunha iniciar essa contagem a partir da condenação, o que reduziria o tempo de afastamento da vida pública.
A decisão presidencial seguiu recomendações da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Ministério da Justiça. Os vetos serão publicados no Diário Oficial da União e posteriormente analisados em sessão conjunta do Congresso Nacional, onde deputados e senadores poderão manter ou derrubar a decisão. Caso os vetos sejam rejeitados, as alterações barradas passarão a valer mesmo contra a posição do Palácio do Planalto.
Analistas políticos destacam o forte peso simbólico do veto, especialmente em um momento de desgaste do Congresso diante da opinião pública, em meio a debates sobre a chamada “PEC da blindagem” e pedidos de anistia a partidos políticos. Parlamentares avaliam que há pouco espaço político para derrubar o veto sem enfrentar resistência popular significativa. Se houver reversão dos vetos, a questão poderá ser levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) para avaliação da constitucionalidade das mudanças na Lei da Ficha Limpa.