O Itaú Unibanco demitiu cerca de mil funcionários que atuavam em regime híbrido ou remoto, após uma avaliação de produtividade baseada em softwares de monitoramento. A decisão, que ocorreu nesta semana, gerou um debate significativo entre profissionais e especialistas sobre a eficácia das métricas utilizadas para medir o desempenho no home office. Embora a instituição tenha afirmado que não considera apenas o uso do mouse ou teclado como indicadores, o uso de tecnologia para monitorar a produtividade levanta questões éticas e práticas sobre a confiança no ambiente de trabalho.
Durante a pandemia, o home office se tornou comum, e surgiram diversos softwares para medir a produtividade dos trabalhadores fora do escritório. Especialistas, como o professor Marcelo Graglia da PUC-SP, alertam que a análise exclusivamente quantitativa pode levar a decisões injustas e à perda de talentos. O Itaú, por sua vez, analisou a atividade digital dos funcionários por quatro meses, mas ex-colaboradores relataram falta de feedback antes das demissões, o que intensifica as preocupações sobre a gestão de pessoas em tempos de trabalho remoto.
A situação atual destaca a necessidade de repensar as métricas de produtividade, priorizando entregas e qualidade do trabalho em vez de apenas horas trabalhadas. A dependência excessiva de tecnologias de controle pode criar um ambiente corporativo tóxico, prejudicando a saúde mental dos colaboradores e corroendo a confiança entre empregador e empregado. À medida que mais empresas adotam modelos híbridos, o desafio de medir produtividade de forma justa e eficaz se torna cada vez mais relevante.