A indústria brasileira de dispositivos médicos enfrenta um impacto severo devido ao aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos, que resultaram em uma perda estimada de US$ 400 milhões em exportações para o mercado americano. Empresas que investiram recentemente em maquinário e certificações, com foco exclusivo nos EUA, agora se veem diante de galpões silenciosos e prejuízos iminentes. Paulo Henrique Fraccaro, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos, alerta que repassar os custos adicionais impostos é inviável e redirecionar as exportações para outros mercados é um processo demorado e complicado.
Diante desse cenário desolador, o setor busca alternativas no Sistema Único de Saúde (SUS), onde um programa de preferência nacional nas compras foi anunciado, com R$ 2,6 bilhões reservados. Nos bastidores, a associação tenta transformar a crise em uma oportunidade para modernizar a rede hospitalar pública. Fraccaro enfatiza que a janela de oportunidade é estreita, pois as empresas não produzem para manter estoques e, se o governo optar por compras rápidas, poderá acabar importando produtos, o que contraria os interesses do setor.
A falta de um socorro imediato e a urgência em encontrar soluções sustentáveis colocam a indústria médica brasileira em uma posição delicada. A possibilidade de um programa de preferência nacional no SUS pode oferecer um alívio temporário, mas a necessidade de modernização e adaptação às novas realidades do mercado permanece crucial. O futuro do setor depende da capacidade do governo em agir rapidamente e da disposição das empresas em se reinventar frente aos desafios impostos pelas tarifas internacionais.