Ferramentas de inteligência artificial como ChatGPT, Claude e Gemini já fazem parte do cotidiano de alunos e professores em diferentes níveis de ensino. Segundo um relatório da Anthropic, quase 40% das interações estudantis envolvem a criação de conteúdos educacionais, enquanto 34% buscam explicações ou soluções prontas para tarefas acadêmicas. Embora o debate atual se concentre em questões como plágio, formato de avaliações e impacto no mercado de trabalho, especialistas alertam para mudanças mais profundas na relação com o conhecimento.
Kimberley Hardcastle, professora assistente de Negócios e Marketing da Universidade de Northumbria, em Newcastle, destaca que a IA generativa está alterando fundamentalmente como produzimos, entendemos e utilizamos o conhecimento. Ela ressalta que essas ferramentas permitem resultados sofisticados sem a jornada cognitiva tradicional que leva ao aprendizado profundo, desafiando séculos de práticas educacionais baseadas na transmissão humana do saber. Além disso, Hardcastle alerta para o risco estrutural de um pequeno grupo de empresas controlar os principais meios de produção do conhecimento.
A pesquisadora defende que educadores, e não interesses comerciais, devem guiar essa transformação na educação. Para ela, a IA generativa torna os alunos cocriadores do conhecimento, mas pode gerar “codestruição” quando interesses divergem. O futuro da aprendizagem depende da integração crítica dessas tecnologias para promover o pensamento original e evitar atalhos que prejudiquem o desenvolvimento cognitivo dos estudantes.