O assassinato recente de um empresário conservador nos Estados Unidos reacendeu o debate sobre a regulação do discurso de ódio no país. Autoridades locais ameaçaram punir aqueles que propagam mensagens consideradas odiosas, mas a Constituição americana, por meio da Primeira Emenda, protege amplamente a liberdade de expressão, impedindo a criação de leis específicas contra o discurso de ódio.
Essa posição singular dos EUA tem origem em mais de um século de história. Nos anos 1930, diante da ascensão de grupos fascistas, estados americanos tentaram implementar leis contra o discurso que incitasse ódio racial ou religioso. Contudo, organizações de direitos civis como a NAACP e o American Jewish Committee se opuseram firmemente a essas medidas, argumentando que elas poderiam ser usadas para reprimir movimentos legítimos e dar visibilidade indesejada aos grupos extremistas.
Nas décadas seguintes, especialmente durante o movimento pelos direitos civis, essa resistência se fortaleceu. A Suprema Corte dos EUA, liderada pelo juiz Earl Warren, consolidou proteções robustas à liberdade de expressão, rejeitando leis que restringissem discursos impopulares. Essa trajetória histórica explica por que os EUA mantêm uma abordagem distinta em relação ao discurso de ódio, priorizando o combate às ideias nocivas por meio do debate e da educação, e não pela censura legal.