O escritor franco-ruandês Gaël Faye, um dos destaques da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), lançou no Brasil seu novo livro, ‘Jacarandá’, que explora as consequências do genocídio de 1994 em Ruanda. Faye, que deixou o país ainda criança e vive na capital ruandesa desde 2015, utiliza sua obra para narrar a busca de um jovem por suas raízes em uma nação marcada por profundas feridas históricas.
Na entrevista, Faye discute como a literatura serve como um meio de reconstrução e reconciliação, permitindo que as novas gerações lidem com as memórias do passado. Ele ressalta que escrever é um ato de resistência e um grito contra o esquecimento do genocídio, que ainda ecoa na sociedade ruandesa. O autor acredita que a verdadeira reconciliação vai além das palavras políticas, sendo uma tarefa complexa que envolve o coração e a mente dos cidadãos.
Faye também levanta questões sobre a responsabilidade global em relação a genocídios contemporâneos, comparando a indiferença do mundo diante de crises atuais com o silêncio que se seguiu ao genocídio ruandês. Ele conclui que, embora Ruanda tenha se reerguido, as lições do passado ainda precisam ser assimiladas para evitar que tragédias semelhantes se repitam.