O ministro do Interior da França, Bruno Retailleau, anunciou a mobilização de 80 mil integrantes das forças de segurança para garantir a ordem durante os protestos programados para 10 de setembro. Os atos, que devem reunir cerca de 100 mil pessoas sob o lema ‘Bloquear tudo’, ocorrem em meio a uma crise política acentuada pela recente destituição do primeiro-ministro François Bayrou, que foi deposto após uma votação de confiança na Assembleia Nacional. Retailleau afirmou que os protestos não representam uma manifestação cívica genuína, mas sim uma radicalização social fomentada por forças da esquerda, citando especificamente o líder do partido França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon.
A crise política na França se intensificou com a destituição de Bayrou, que ocorreu menos de nove meses após sua nomeação. O primeiro-ministro convocou um voto de confiança para tentar aprovar cortes orçamentários, mas foi derrotado com 364 votos a favor e 194 contra. Essa situação marca um momento histórico, pois é a primeira vez que um premiê é deposto por um voto de confiança. A dívida pública da França, que atinge 114% do PIB, e as eleições antecipadas previstas para junho de 2024, nas quais o partido de Macron ficou em terceiro lugar nas eleições parlamentares europeias, contribuem para a crescente instabilidade do governo.
As manifestações programadas para o próximo dia 10 refletem não apenas a insatisfação popular, mas também a fragilidade do governo atual. A mobilização de 80 mil agentes de segurança indica a seriedade com que o governo encara os protestos, que podem resultar em confrontos significativos. Com um clima político tenso e a possibilidade de radicalização dos atos, as consequências dessas manifestações podem ter impactos duradouros na política francesa e na administração de Emmanuel Macron.