Pesquisadores da Universidade de Birmingham identificaram um fóssil de Platysomus parvulus, um peixe datado de cerca de 310 milhões de anos, em rochas do período Carbonífero, em Staffordshire, na Inglaterra. O fóssil preserva uma adaptação inovadora: dentes localizados tanto no céu da boca quanto na base da língua, que funcionavam em conjunto como uma segunda mandíbula, permitindo ao animal triturar presas de casco duro, como pequenos crustáceos e insetos aquáticos.
Essa descoberta é significativa porque até então acreditava-se que esse tipo de mecanismo de alimentação só havia surgido 150 milhões de anos depois, em peixes mais modernos. O sistema chamado “mordida da língua” mostra que os dentes adicionais, situados em ossos do esqueleto branquial, trabalhavam em oposição aos dentes tradicionais, ampliando a variedade alimentar dos peixes. O Platysomus representa um elo intermediário entre peixes com mandíbulas simples e linhagens posteriores que dependiam quase exclusivamente dessa adaptação.
Os autores do estudo sugerem que essa inovação ocorreu logo após a extinção em massa do fim do Devoniano, um período marcado por uma explosão evolutiva entre os peixes com nadadeiras raiadas. A descoberta indica que, em momentos de crise ecológica, os animais testaram rapidamente novas estratégias de sobrevivência, revelando a complexidade da evolução muito antes do que se imaginava.