O Festival de Cinema de Brasília, um dos mais tradicionais do Brasil, abriu sua 58ª edição com a exibição de ‘O Agente Secreto’, novo filme de Kleber Mendonça Filho, na sexta-feira (12). A sessão lotou o Cine Brasília e contou com uma homenagem à atriz Fernanda Montenegro. Durante a coletiva de imprensa, Mendonça discutiu a relevância do filme, que se passa em 1977, no contexto atual do Brasil, marcado por um ressurgimento de ideologias extremistas e pela necessidade de resgatar a memória histórica do país.
O diretor destacou que as memórias da infância durante a ditadura militar influenciaram sua obra, que reflete não apenas o passado, mas também os desafios contemporâneos enfrentados pela sociedade brasileira. Ele criticou o trauma gerado pela Lei da Anistia e a dificuldade do país em lidar com sua história, enfatizando que o esquecimento dos crimes políticos ainda reverbera na cultura nacional. A trilha sonora do filme, composta por sons autênticos do Recife da época, também foi mencionada como um elemento central para a construção da narrativa.
Mendonça abordou ainda o desmonte da cultura no Brasil nos últimos anos, especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro, quando o Ministério da Cultura foi extinto. Ele alertou para o impacto negativo dessas políticas na economia cultural e na preservação da identidade nacional. O filme ‘O Agente Secreto’ não apenas resgata memórias do passado, mas também serve como um alerta sobre os perigos do apagamento cultural e a importância da resistência artística em tempos de crise.