Um estudo da consultoria Russell Reynolds aponta que as mulheres que ocupam cargos de CEO permanecem, em média, três anos a menos no cargo do que os homens. Enquanto os executivos masculinos costumam ocupar a presidência por cerca de oito anos, as mulheres ficam por aproximadamente cinco anos, além de enfrentarem um risco 33% maior de demissão. A pesquisa, que analisou 1.142 transições de liderança em 25 países, incluindo o Brasil, foi divulgada em julho e revela que a alta rotatividade das executivas é influenciada por fatores culturais e estruturais, mesmo quando o desempenho da empresa é positivo.
A consultora Aline Benvengo Larangeira, porta-voz do estudo, explica que as mulheres enfrentam um julgamento mais severo por parte dos conselhos administrativos. Enquanto a aposentadoria é a principal razão para a saída dos homens (31%), a demissão é o motivo mais comum para as mulheres (32%). Além disso, as mulheres têm menos acesso a cargos estratégicos que frequentemente levam à posição de CEO, o que representa uma barreira adicional para sua ascensão nas empresas.
As implicações desse estudo são significativas, pois revelam um padrão de desigualdade de gênero nas altas esferas corporativas. A pesquisa sugere que as expectativas sociais e as responsabilidades familiares impactam negativamente a estabilidade das mulheres em cargos de liderança. A executiva Cintia Moreira destaca que as barreiras enfrentadas pelas mulheres muitas vezes são sutis e relacionadas às redes de relacionamento e às expectativas sociais, o que pode dificultar ainda mais sua permanência em posições de destaque.