Estudo revela origem evolutiva do consumo de álcool entre humanos

Marcela Guimarães
Tempo: 2 min.

Pesquisas científicas indicam que a apreciação humana pelo álcool pode ter se iniciado há mais de 10 milhões de anos, muito antes da agricultura. A hipótese do ‘Drunken Monkey’, formulada por Robert Dudley em 2000, sugere que nossos ancestrais frugívoros consumiam frutas fermentadas caídas nas florestas tropicais da África, o que não só fornecia energia, mas também poderia ter sido um fator evolutivo crucial para a sobrevivência da espécie. Um estudo de 2014 revelou que uma mutação na enzima ADH4 permitiu que esses ancestrais metabolizassem etanol 40 vezes mais rápido, uma adaptação que não ocorreu em orangotangos, que permaneciam nas árvores.

O etanol das frutas fermentadas funcionava como um guia olfativo, ajudando primatas a localizar alimentos calóricos. Frutas tropicais podem conter até 10% de álcool natural, enquanto em regiões temperadas esse valor é menor. Esse fenômeno ilustra um mutualismo ecológico, onde plantas oferecem açúcares e animais dispersam sementes atraídos pelo cheiro do álcool. Relatos de animais consumindo frutas fermentadas são comuns, e chimpanzés da Guiné até utilizam folhas como copos para beber seiva fermentada.

Atualmente, o fígado humano metaboliza cerca de 7 g de etanol por hora, quantidade suficiente para lidar com o álcool presente nas frutas. Contudo, com o aumento do consumo de destilados e coquetéis concentrados, essa capacidade se torna insuficiente. Um shot de uísque contém aproximadamente 10 g de álcool, evidenciando um descompasso evolutivo que contribui para problemas de saúde e dependência associados ao consumo excessivo de álcool.

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