Um estudo global do Upwork Research Institute revela um descompasso entre as expectativas dos executivos sobre a inteligência artificial (IA) e a realidade enfrentada pelos trabalhadores. Embora 96% dos líderes acreditem que a IA deve aumentar a produtividade, 77% dos funcionários afirmam que a ferramenta elevou sua carga de trabalho e dificultou o cumprimento de metas. A publicitária e pesquisadora Jullena Normando, doutoranda na UFG e na Universidade da Califórnia (San Diego), destaca que esse descompasso é resultado da interpretação equivocada do papel da tecnologia pelos gestores.
Normando observa que existe uma percepção mítica em torno da IA, com executivos acreditando que ela resolverá todos os problemas, enquanto os trabalhadores enfrentam pressões crescentes. Segundo ela, o problema não reside na tecnologia em si, mas nas metas irreais impostas aos colaboradores, que podem levar ao burnout. A pesquisadora também menciona um estudo da Universidade de Stanford, que indica que jovens entre 22 e 25 anos foram os mais afetados pela automação, resultando em uma queda de 13% nos empregos dessa faixa etária.
Para Jullena, a solução passa pela capacitação de líderes e equipes, permitindo uma melhor compreensão do que a IA pode oferecer. Ela defende que os trabalhadores devem participar ativamente do processo, contribuindo para treinamentos e feedbacks. A pesquisadora conclui que, embora a IA possa ser uma aliada, seu uso deve ser consciente, pois o julgamento humano permanece insubstituível.