Nesta sexta-feira (26), a NBC News reportou que autoridades militares dos Estados Unidos estão considerando opções para atacar traficantes dentro da Venezuela. Em entrevista ao CNN Prime Time, o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, alertou que uma possível incursão militar dos EUA em território venezuelano violaria as regras do direito internacional e provocaria uma forte reação em toda a América Latina. Segundo Trevisan, a alegação de combate aos cartéis de drogas não é suficientemente comprovada para justificar uma intervenção. “São ilações, não há uma confirmação, uma prova inquestionável sobre isso”, afirmou o especialista sobre as supostas conexões entre o governo venezuelano e grupos narcotraficantes.
Trevisan relembra que a América Latina, do México ao sul do continente, historicamente se posiciona contra intervenções militares, citando ações no Panamá nos anos 1990 e durante o governo do ex-presidente americano Ronald Reagan, que geraram forte oposição regional. Ele destaca ainda o imenso desequilíbrio militar entre os dois países: enquanto a marinha venezuelana conta com apenas duas fragatas e alguns barcos patrulha chineses produzidos na década de 1990, o poderio naval americano equivale a 40 marinhas combinadas, segundo dados de 2023 do Instituto de Estudos Estratégicos de Londres.
A situação atual levanta preocupações sobre as possíveis consequências de uma intervenção militar na Venezuela, não apenas para o país, mas para toda a região da América Latina. A falta de evidências concretas sobre as alegações de narcotráfico pode intensificar as tensões diplomáticas e gerar um clima de instabilidade em um contexto já delicado. A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos dessa situação, que pode afetar as relações entre os EUA e seus vizinhos latino-americanos.