A Embraer anunciou um pedido significativo de aeronaves da família E195-E2 pela Avelo Airlines, nos Estados Unidos, reforçando sua posição no competitivo mercado global de aviação regional. No entanto, essa movimentação também suscita preocupações sobre o futuro da indústria brasileira de alta tecnologia, especialmente diante da possibilidade de a companhia transferir parte de sua produção para o território americano, o que poderia acirrar as tensões entre Brasil e EUA na disputa por empregos industriais de alto valor agregado.
A Embraer, que se destacou na bolsa em 2024 ao mais que dobrar seu valor de mercado, esteve no centro da discussão sobre tarifas comerciais durante a administração Trump. Embora as tarifas sobre suas aeronaves tenham sido reduzidas, a empresa continua buscando eliminar completamente a alíquota residual de 10%. O aumento da demanda por suas aeronaves nos EUA está alinhado com a política industrial americana, que visa reverter a perda de empregos e estimular a produção interna.
Caso a Embraer decida transferir parte de sua produção para os Estados Unidos, isso não apenas afetaria sua competitividade em relação à Boeing, mas também poderia abrir um novo flanco de conflito entre os dois países. A situação é emblemática das pressões que outras multinacionais brasileiras podem enfrentar em um cenário comercial cada vez mais desafiador. Tanto Trump quanto Lula têm colocado a reindustrialização como prioridade em suas agendas econômicas, refletindo um desafio comum: criar e manter empregos na indústria de alto valor agregado enquanto se busca reduzir a dependência das commodities.