Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revela que o desmatamento é responsável por 75% da diminuição das chuvas na Amazônia entre 1985 e 2020. A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, analisou dados climáticos e de uso do solo, mostrando que a perda de cobertura vegetal tem um impacto significativo nas condições climáticas da região. O professor Luiz Machado, um dos autores do estudo, destaca que a sazonalidade do bioma se intensificou, resultando em períodos de seca mais prolongados e temperaturas máximas mais elevadas.
Os cientistas separaram a Amazônia Legal Brasileira em 29 blocos para entender melhor a responsabilidade de cada fator, como o desmatamento e as mudanças climáticas globais. Os resultados indicam que, enquanto o desmatamento é o principal culpado pela redução das chuvas, as mudanças climáticas também desempenham um papel importante no aumento das temperaturas. Marco Franco, outro autor do estudo, ressalta que regiões mais desmatadas enfrentam temperaturas máximas mais altas e precipitações mais baixas, afetando não apenas a Amazônia, mas também outras partes do Brasil.
Às vésperas da COP30, marcada para novembro em Belém, os pesquisadores alertam para a necessidade urgente de ações concretas para preservar a floresta. A evapotranspiração da Amazônia é crucial para irrigar a produção agrícola e abastecer represas no Sul e Sudeste do Brasil. Os dados mostram que a preservação da floresta é fundamental para garantir a continuidade das chuvas em diversas regiões do país, tornando a discussão sobre desmatamento ainda mais relevante.