A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) encerrou nesta quarta-feira (3) sua sustentação oral perante a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), insinuando uma suposta motivação política no processo que o acusa de golpe de Estado. O advogado Paulo Bueno comparou o julgamento ao célebre ‘caso Dreyfus’, ocorrido no final do século 19 na França, argumentando que a ação contra Bolsonaro será ‘submetida ao tribunal do povo’. Segundo Bueno, a falta de provas ‘contundentes’ e fundamentos consistentes para punir o ex-presidente pode comprometer a ‘credibilidade’ do processo judicial.
Durante sua argumentação, Bueno fez um paralelo entre Bolsonaro e Alfred Dreyfus, capitão judeu do Exército francês condenado à prisão perpétua em 1894, mas que posteriormente foi anistiado. Ele ressaltou que tanto Dreyfus quanto Bolsonaro enfrentaram processos com base em documentos questionáveis e defesas constrangidas. A defesa concluiu que a absolvição de Bolsonaro é imperativa para evitar que o Brasil tenha sua própria versão do caso Dreyfus, sugerindo uma crítica à politicização da justiça.
As implicações dessa comparação são significativas, pois levantam questões sobre a integridade do sistema judicial brasileiro e a possibilidade de que processos políticos sejam influenciados por interesses partidários. A defesa busca não apenas a inocência de Bolsonaro, mas também um debate mais amplo sobre a relação entre política e justiça no país. O desdobramento desse caso poderá impactar a percepção pública sobre o STF e suas decisões em casos politicamente sensíveis.