Em seu ensaio de 1979, Darcy Ribeiro aborda as chamadas “obviedades” que marcam a sociedade brasileira, questionando ideias preconcebidas sobre educação, desigualdade social e raça. Ele destaca que muitos conceitos tidos como evidentes, como a inferioridade dos negros ou a dependência dos pobres em relação aos ricos, são construções históricas e sociais sustentadas por interesses específicos. Ribeiro também critica a visão de que o Brasil seria um povo inferior devido à mestiçagem, ao clima tropical e à herança cultural portuguesa.
O autor contextualiza essas obviedades dentro da história do país, mostrando como a ciência e a antropologia, por muito tempo, reforçaram estereótipos racistas e atrasados. Ele menciona figuras históricas que internalizaram essas ideias, como Euclides da Cunha e Dom Pedro II, evidenciando o impacto dessas crenças na autoimagem nacional. Ribeiro ressalta que essas noções limitantes foram aceitas por décadas, dificultando o progresso social e cultural do Brasil.
Por fim, Darcy Ribeiro enfatiza a necessidade de desconstruir essas obviedades para que o Brasil possa avançar. Ele sugere que o reconhecimento das raízes históricas das desigualdades é fundamental para promover mudanças efetivas nas políticas públicas e na educação. Seu ensaio permanece atual ao estimular uma reflexão crítica sobre identidade, preconceito e desenvolvimento social no país.