A cultura no Brasil, embora reconhecida como um direito constitucional, ainda é tratada como um luxo ou entretenimento, não como um pilar fundamental da vida social. Em territórios periféricos, quilombolas, indígenas e favelados, a cultura assume um papel vital, funcionando como ferramenta de resistência, memória coletiva e reinvenção do cotidiano. Manifestações culturais como o samba de roda, o hip-hop, o teatro de rua e as feiras de economia solidária são mais do que expressões artísticas; são tecnologias ancestrais de sobrevivência e educação.
Entretanto, essa produção cultural frequentemente é excluída dos circuitos de financiamento, sendo mantida à margem por critérios elitistas que definem o que merece ou não ser valorizado. A falta de apoio financeiro adequado limita o potencial transformador da cultura nas comunidades que mais necessitam. É crucial que haja uma reavaliação dos critérios de financiamento cultural para garantir que todas as expressões artísticas recebam o reconhecimento e o suporte que merecem.
As implicações dessa exclusão são profundas, pois a cultura é essencial para a coesão social e a identidade coletiva. A promoção de uma filantropia mais inclusiva pode não apenas fortalecer as manifestações culturais, mas também contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. O desafio está em transformar a percepção da cultura de um mero entretenimento para um elemento central na vida social brasileira.