O cultivo medicinal da cannabis no Brasil continua restrito, autorizado apenas mediante decisão judicial, o que limita tanto o desenvolvimento de pesquisas quanto o acesso a tratamentos. Em Campina Grande, Paraíba, a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace) mantém um plantio protegido de dois hectares, considerado um dos maiores do país. Apesar dos avanços recentes na permissão do uso terapêutico da maconha, o preconceito persiste entre usuários e familiares.
Camila Moraes, diretora administrativa da Abrace e paciente que utiliza cannabis para controlar convulsões, relata ter perdido contato com amigos e familiares após iniciar o tratamento. O neurocirurgião Pedro Pierro reforça essa resistência social ao mencionar que muitos pais preferem submeter seus filhos com epilepsia a cirurgias cerebrais em vez de aceitar medicamentos à base de maconha. Ele explica que os canabinoides têm eficácia comprovada para tratar diversas condições, como dor oncológica e problemas nutricionais em idosos, ressaltando que os riscos estão relacionados ao modo de consumo, não ao medicamento em si.
A regulamentação restritiva e o estigma social dificultam o avanço da cannabis medicinal no país, limitando seu potencial terapêutico e científico. O debate sobre a maconha envolve não apenas aspectos legais, mas também a necessidade de conscientização para reduzir o preconceito e ampliar o acesso seguro ao tratamento.