A crise climática tem atingido com maior intensidade as populações mais vulneráveis, especialmente os pobres, que enfrentam impactos diretos no orçamento e na qualidade de vida. Em Belém, capital do Pará, a frequência de ondas de calor saltou de menos de um evento anual nos anos 1980 para onze por ano na última década, elevando riscos à saúde e aumentando mortes relacionadas ao calor. Entre 2000 e 2018, as ondas de calor foram associadas a mais de 48 mil óbitos nas maiores metrópoles brasileiras, afetando principalmente idosos, mulheres e negros.
Fenômenos como secas prolongadas reduzem a produção agrícola, elevando o preço dos alimentos e comprometendo a renda dos trabalhadores rurais e urbanos que destinam grande parte do salário à alimentação. As enchentes frequentes em bairros sem infraestrutura adequada causam danos materiais, perda de empregos e afetam a dignidade dos moradores. Além disso, doenças transmitidas pelo calor e pela água contaminada, como dengue e diarreia, geram custos extras para famílias já fragilizadas economicamente.
O Banco Mundial alerta que eventos climáticos extremos podem empurrar até 3 milhões de brasileiros para a pobreza extrema nos próximos anos. A realização da COP 30 em Belém, em novembro de 2025, oferece uma plataforma para discutir justiça climática e implementar medidas como reflorestamento urbano, sistemas de alerta de calor, seguro-safra e investimentos em energia renovável. Essas ações visam garantir saneamento básico, moradia adequada e proteção social para os mais afetados pelas mudanças climáticas.