O Banco Central do Brasil deverá adotar uma postura mais conservadora na condução da política monetária ao longo de 2026, conforme avaliação de Rodrigo Azevedo, sócio e gestor de macroestratégia da Ibiuna Investimentos. A análise foi apresentada durante o Macro Vision 2025, evento realizado pelo Itaú BBA em São Paulo no dia 29 de setembro. O Comitê de Política Monetária (Copom) terá foco especial na inflação projetada para 2027, em meio às incertezas geradas pelo cenário eleitoral do próximo ano.
Azevedo apontou dois cenários bipolares para a economia brasileira em 2027: um ajuste fiscal coordenado, com medidas controladas que promoveriam confiança e inflação baixa no médio prazo, mesmo com possível recessão no curto prazo; e um ajuste desordenado, caso o governo eleito mantenha a política econômica atual, o que poderia provocar reação negativa dos mercados e pressão sobre a dívida pública, dificultando o controle inflacionário. Essa dualidade torna difícil prever a inflação futura, exigindo cautela do Banco Central.
Diante desse quadro, o Copom deve evitar cortes precipitados na taxa Selic, que atualmente está em 15%, nível considerado elevado. Apesar disso, indicadores como a taxa de desemprego no menor patamar histórico, o funcionamento adequado do crédito e o crescimento da massa salarial indicam que a economia brasileira não apresenta sinais de colapso. Assim, a expectativa é que eventuais reduções nos juros ocorram apenas mais à frente, conforme a evolução do cenário político e econômico.