As principais construtoras brasileiras, como Odebrecht e Andrade Gutierrez, desistiram de participar do leilão do túnel Santos-Guarujá, uma das maiores obras do Novo PAC, cuja entrega de propostas está prevista para esta segunda-feira (1º). A decisão foi tomada no último fim de semana, quando o consórcio formado pela Odebrecht e pela Álya (antiga Queiroz Galvão) decidiu não apresentar oferta, enquanto a Andrade Gutierrez também optou por ficar de fora após estudar sua participação junto a um fundo financeiro.
Diante da desistência das empreiteiras nacionais, o leilão deve contar com a participação de grandes empresas estrangeiras, como a portuguesa Mota-Engil e a espanhola Acciona. A construtora cearense Marquise também demonstrou interesse, mas enfrenta dificuldades para formar parcerias. O projeto do túnel imerso prevê uma concessão de 30 anos e investimentos de R$ 6,8 bilhões em uma PPP, com recursos federais e estaduais. A reunião no TCU na semana passada resolveu pendências que garantiram o leilão.
A saída das construtoras brasileiras levanta questões sobre a competitividade do setor no país. Apesar de terem capacidade técnica para realizar a obra, as empresas nacionais enfrentam dificuldades financeiras e taxas de juros elevadas nos bancos privados. Um executivo do setor destacou que ainda existe um “tratamento discriminatório” em relação ao histórico de envolvimento na Lava Jato, o que prejudica a competitividade das empresas locais em comparação com suas concorrentes estrangeiras, que recebem apoio estatal em seus países de origem.

