No dia 19 de setembro de 2025, a Constituição brasileira ganhou uma versão traduzida para a língua kaingang na Retomada Kógunh Mág, localizada na Floresta Nacional de Canela, na Serra gaúcha. A iniciativa integra o projeto federal Língua Viva no Direito, que visa tornar acessíveis textos jurídicos às três línguas indígenas mais faladas no país. Dois dos cinco tradutores envolvidos são moradores da comunidade e atuam também na área da educação local.
A tradução enfrentou desafios significativos, como a adaptação do juridiquês para o kaingang e a busca por termos equivalentes na língua indígena, contando com o auxílio dos mais velhos da comunidade. Os tradutores são um casal que já fundou seis escolas em retomadas indígenas no Rio Grande do Sul, buscando garantir educação bilíngue e combater o preconceito enfrentado pelas crianças indígenas em escolas não indígenas.
O projeto prevê ainda traduções para as línguas tikuna e kaiowá, com entregas já realizadas no Alto Solimões e programadas para Dourados (MS). A versão atual é preliminar e será revisada pelas próprias comunidades até o primeiro semestre de 2026, quando as versões finais serão consolidadas. Além da Constituição, serão traduzidos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Convenção 169 da OIT, ampliando o acesso dos povos indígenas aos seus direitos legais.