Cientistas identificaram uma fissura em uma placa tectônica que pode explicar os terremotos extremos em Portugal, incluindo o devastador evento de 1755. O estudo, publicado na revista Nature Geoscience, revela que a fissura, localizada a 200 quilômetros de Cabo de São Vicente, pode estar relacionada a um processo de subducção, onde uma placa mergulha sob outra. Essa descoberta lança nova luz sobre os mistérios da sismicidade na região, que já havia sido alvo de investigações anteriores sem resultados conclusivos.
A pesquisa foi conduzida por uma equipe de geólogos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, liderada por João Duarte. Utilizando sismômetros no fundo do mar e modelos computacionais, os pesquisadores conseguiram identificar um “cluster” de sismos anormais a profundidades entre 30 e 40 km. A análise sugere que a parte inferior da placa tectônica está se afundando, enquanto a parte superior permanece estável, o que pode explicar a ausência de falhas visíveis na região.
As implicações dessa descoberta são significativas, pois podem levar a novas investigações sobre a sismicidade em Portugal, um país com uma história trágica relacionada a terremotos. A identificação da fissura e do processo de delaminação abre espaço para um melhor entendimento dos riscos sísmicos e para o desenvolvimento de estratégias de mitigação. Assim, a pesquisa não apenas elucida eventos passados, mas também prepara o terreno para futuras análises e monitoramento da atividade sísmica na região.

