No início dos anos 2000, várias cidades ao redor do mundo começaram a reverter processos de privatização dos serviços de água e esgoto, adotando novamente a gestão pública. Exemplos notórios incluem Paris e Berlim, onde a remunicipalização buscou garantir o direito à água diante dos riscos associados à privatização. Na França, cidades como Grenoble, Bordeaux, Nice, Montpellier e Lyon seguiram essa tendência, principalmente após o término dos contratos privados.
Na América Latina, casos emblemáticos como a Guerra da Água em Cochabamba (Bolívia) e a remunicipalização em Buenos Aires (Argentina) evidenciam conflitos entre concessionárias privadas e governos locais. No Brasil, municípios do Tocantins também passaram por ciclos de privatização e retorno à gestão pública, refletindo as complexidades do setor. Apesar da retomada inicial, a última década registrou uma desaceleração desses processos, com o avanço de concessões e parcerias público-privadas impulsionadas por mudanças na política nacional.
Esses movimentos indicam que a remunicipalização não configura uma tendência global definitiva, mas sim parte de um debate contínuo sobre a melhor forma de gerir os recursos hídricos. A sustentabilidade da gestão pública depende da implementação de modelos democráticos e duradouros que enfrentem as pressões do mercado e as transformações legislativas recentes.