No Brasil, 29 povos e comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas, são oficialmente reconhecidos pela união. Um levantamento do Ministério Público Federal (MPF) indica que mais de 650 mil famílias se identificam como parte dessas comunidades, que dependem de seus territórios e dos recursos naturais para sua sobrevivência. O estudo abrange apenas sete das 29 categorias oficiais, sugerindo que o número real pode ser ainda maior.
Esses grupos, que incluem pescadores artesanais e ribeirinhos, enfrentam crescente pressão sobre suas terras devido ao avanço das fronteiras agrícolas e projetos de infraestrutura. A antropóloga Katia Favilla destaca que a luta por reconhecimento se intensificou à medida que esses povos se sentiram ameaçados em sua forma de existência. O legado de Chico Mendes, seringueiro e ambientalista assassinado em 1988, é um marco nessa busca por reconhecimento e preservação.
As reivindicações dos povos tradicionais resultaram na criação das Reservas Extrativistas e influenciaram a formação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. A antropóloga ressalta que o Estado reconheceu a possibilidade de conservar áreas com presença humana, uma vez que essas comunidades sempre desempenharam um papel crucial na preservação ambiental. O G1 visitou o território Kalunga, em Goiás, para explorar o modo de vida e os saberes tradicionais dessa comunidade rica em cultura e história.