O Brasil enfrenta uma grave crise de saúde mental, com mais de 18 milhões de brasileiros diagnosticados com transtornos de ansiedade, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A escassez de psiquiatras, que conta com apenas 6,6 profissionais para cada 100 mil habitantes, agrava a situação, levando pacientes a buscar atendimento em outras especialidades médicas antes de serem diagnosticados corretamente. Um estudo longitudinal revelou que 45% dos pacientes convivem com sintomas por dois anos ou mais antes de receberem o diagnóstico adequado, muitas vezes tratados inadequadamente devido à confusão entre sintomas físicos e mentais.
A dificuldade no diagnóstico dos transtornos mentais é exacerbada por vieses cognitivos que médicos de outras especialidades podem desenvolver ao longo de suas carreiras. Esses vieses incluem a tendência de interpretar sintomas apenas sob a perspectiva da especialidade do médico, ignorando possíveis causas psiquiátricas. Portanto, é fundamental que profissionais não psiquiatras estejam cientes desses vieses e mantenham vigilância para sinais de transtornos mentais, reconhecendo que os sintomas podem ter múltiplas origens.
Embora não seja necessário que todos os médicos se especializem em psiquiatria, é essencial que compreendam a interconexão entre saúde física e mental. A abordagem multidisciplinar e integrada é vital para enfrentar os desafios impostos pelos transtornos mentais no Brasil, garantindo que os pacientes recebam a atenção necessária e sejam encaminhados para cuidados especializados quando necessário. Essa conscientização pode melhorar significativamente o tratamento e a qualidade de vida dos afetados por essas condições.