O presidente do Chile, Gabriel Boric, descartou na quinta-feira, 25, uma proposta da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) para regularizar trabalhadores migrantes, afirmando que o país não está em condições de receber mais imigração irregular. A sugestão foi feita pelo presidente da SNA, Antonio Walker, que defendeu a formalização de imigrantes já presentes no país para atender à demanda do setor agrícola, responsável por cerca de 1 milhão de empregos diretos. Walker destacou que a colheita de cerejas deste ano exigirá 250 mil trabalhadores, um número que não pode ser suprido apenas por chilenos.
Boric reconheceu a importância do diálogo com a SNA e elogiou a atuação de Walker, ex-ministro da Agricultura do governo Sebastián Piñera. No entanto, endureceu o tom ao tratar do tema migratório, afirmando que o trabalho deve ser digno e respeitar os direitos humanos e laborais. O presidente ressaltou que seu governo encontrou “fronteiras totalmente desbordadas” ao assumir e que uma das prioridades tem sido restabelecer a ordem. Ele afirmou que, por ora, não está nos planos do governo inovar nessa matéria, mas não fechou totalmente as portas para futuras discussões.
Walker, em entrevista ao jornal El Mercurio nesta sexta-feira, 26, reiterou a necessidade de regularizar parte da mão de obra estrangeira já estabelecida no Chile. Ele enfatizou que a grande maioria dos imigrantes é honesta e trabalhadora, e que aqueles ligados ao narcotráfico e à delinquência devem ser expulsos. A situação atual levanta questões sobre a capacidade do Chile em lidar com a imigração e as necessidades do setor agrícola em um contexto global de escassez de mão de obra.