O ministro Luís Roberto Barroso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira (29) que conceder anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro de 2023 representaria a repetição de um ciclo histórico prejudicial ao Brasil. Em entrevista ao Correio Braziliense, Barroso destacou que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado tem um papel exemplar para a história do país, sinalizando que futuras tentativas serão criminalmente responsabilizadas.
Barroso explicou que o Brasil tem uma trajetória marcada por golpes, contragolpes, perdões e anistias que nunca encerraram os ciclos de atraso. Ele revelou ter discutido a dosimetria das penas com presidentes do Congresso durante viagem oficial ao velório do papa Francisco, defendendo ajustes para evitar acumulação excessiva de penas, mas rejeitando reduções casuísticas que soem como perdão imediato. O ministro encerrou sua presidência no STF em meio à fase final dos julgamentos relacionados ao 8 de Janeiro, ressaltando a importância da transparência e do respeito ao devido processo legal.
Além disso, Barroso destacou que o tribunal se uniu em temas relevantes como a proteção contra o negacionismo sanitário durante a pandemia, a defesa ambiental e a rejeição do voto impresso, considerado um pilar do golpe. Apesar dos avanços, ele lamentou não ter conseguido pacificar o país e ressaltou a necessidade de diálogo civilizado entre diferentes opiniões. O ministro também relatou mudanças em sua rotina pessoal devido a ameaças sofridas nos últimos anos, evidenciando os riscos enfrentados por autoridades em contextos políticos polarizados.