O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por sua participação em uma trama golpista. Durante as duas semanas que antecederam o julgamento, Moraes dedicou-se a elaborar um voto robusto, que incluiu um inventário de decisões conflitantes do colega Luiz Fux e vídeos que evidenciam ameaças do ex-presidente à Corte. A proposta de dosimetria foi cuidadosamente estruturada para minimizar as chances de recursos de defesa, alinhando-se com outros ministros que também condenaram os réus.
Moraes endossou a acusação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e apresentou uma cronologia de eventos que demonstram a tentativa de abolição do Estado Democrático por parte dos réus. Ele destacou ações como o uso de órgãos públicos para monitorar adversários políticos e o atentado a bomba no aeroporto de Brasília, evidenciando a gravidade das ações que quase levaram o Brasil a uma ditadura. O voto de Moraes contrasta com o de Fux, que buscou minimizar as declarações de Bolsonaro.
A decisão do STF, sob a liderança de Moraes, pode ter implicações profundas para o futuro político de Bolsonaro e dos demais réus, dificultando a apresentação de recursos devido à interpretação unificada das penas. Com isso, o colegiado reafirma sua posição sobre a aceitação limitada de embargos infringentes, o que poderá impactar significativamente a estratégia legal da defesa e a percepção pública sobre a justiça no país.