Volkswagen recorre de condenação por trabalho escravo no Pará

Fernando Alcântara Mendonça
Tempo: 2 min.

A Volkswagen do Brasil anunciou neste sábado (30) que irá recorrer da decisão judicial que a condenou por manter trabalhadores em condições análogas à escravidão no estado do Pará, durante as décadas de 1970 e 1980. A sentença, emitida pela Vara do Trabalho de Redenção (PA) e divulgada na sexta-feira (29), condena a montadora a pagar R$ 165 milhões em indenizações por submeter trabalhadores à servidão por dívida, vigilância armada e condições degradantes na fazenda Vale do Rio Cristalino, localizada em Santana do Araguaia, entre os anos de 1974 e 1986.

Segundo especialistas, essa é a maior condenação do tipo já registrada no Brasil. A fazenda foi adquirida pela Volkswagen na década de 1970, durante o regime militar, como parte de um projeto de expansão pecuária incentivado pelo governo, com o objetivo de desenvolver a região amazônica. Em nota, a montadora afirmou que sua filial brasileira “seguirá sua defesa em busca de justiça e segurança jurídica nas instâncias superiores”, destacando seu histórico no país e o compromisso com os princípios da dignidade humana.

A decisão judicial também exige que a Volkswagen reconheça publicamente sua responsabilidade pelos abusos cometidos e peça desculpas às vítimas. O juiz responsável pela sentença, Otavio Bruno da Silva Ferreira, ressaltou que as provas demonstram a participação ativa da empresa na exploração ilícita da mão de obra. Os trabalhadores eram vigiados por seguranças armados e enfrentavam condições precárias, incluindo falta de alimentação e assistência médica. A Volkswagen começou a reduzir suas atividades na fazenda a partir de 1986.

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