Usinas de açúcar de São Paulo estão em risco de interromper a produção devido à nova sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre o açúcar brasileiro. A medida afeta diretamente a usina localizada em Sertãozinho, que exporta mais de 40 mil toneladas de açúcar orgânico anualmente e emprega cerca de dois mil funcionários. O Brasil, reconhecido como o maior produtor de açúcar orgânico do mundo, enviou quase 118 mil toneladas do produto para os EUA em 2024, representando 44% de sua produção total.
O engenheiro agrônomo Leontino Balbo Júnior destaca a vulnerabilidade do setor, que depende fortemente do mercado americano. A sobretaxa torna o açúcar orgânico brasileiro mais caro em comparação com o açúcar de países como Colômbia, Argentina e Paraguai, o que pode resultar em perda de mercado. Especialistas, como o presidente da Datagro, Plínio Nastari, alertam que a manutenção dessa alíquota pode prejudicar a competitividade do açúcar orgânico brasileiro.
Além disso, a possibilidade de redirecionar a produção para açúcar não-orgânico, que possui menor custo e é mais fácil de exportar, não é viável devido aos investimentos já realizados em infraestrutura e pesquisa. O consultor em agronegócio, Cleuber Rufino, ressalta que a adaptação para novos mercados é um processo demorado, devido às exigências de certificação e legislação específica. A situação coloca em risco uma atividade consolidada no Brasil, que é reconhecido mundialmente pela qualidade de seu açúcar orgânico.