Desde o início de seu segundo mandato, Donald Trump tem adotado uma postura agressiva em relação ao comércio internacional, impondo tarifas elevadas sobre produtos importados de diversos países, incluindo o Brasil. Essa estratégia, que começou com México e Canadá, reflete uma mudança mais ampla nas dinâmicas geopolíticas, onde a geoeconomia se torna uma ferramenta central para os Estados Unidos. Especialistas afirmam que essa abordagem pode prejudicar significativamente o Brasil, que já enfrenta desafios econômicos em um cenário global em transformação.
A geoeconomia, conceito que ganhou destaque nas últimas décadas, permite que países utilizem mecanismos econômicos como sanções e tarifas como armas geopolíticas. A Organização Mundial do Comércio (OMC), que tradicionalmente mediava as relações comerciais entre nações, vê sua influência diminuída à medida que os países agem de forma unilateral. Renato Baumann, do Ipea, observa que essa mudança é impulsionada por um desejo dos EUA de corrigir seu déficit comercial, utilizando tarifas como principal estratégia.
As implicações dessa nova ordem são profundas, especialmente para economias emergentes como a brasileira. Com a possibilidade de sanções e tarifas adicionais, o Brasil pode enfrentar um cenário de isolamento econômico e dificuldades para competir no mercado global. A pressão sobre a OMC e a crescente utilização de instrumentos econômicos como armas podem alterar permanentemente as relações comerciais internacionais, colocando o Brasil em uma posição vulnerável frente a essas mudanças.