O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta sexta-feira (1º) que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva "pode falar comigo quando quiser". A afirmação, feita em resposta a uma pergunta da repórter Raquel Krähenbühl, da TV Globo, foi recebida com cautela no Itamaraty, onde diplomatas avaliam que, embora tenha sido um gesto simbólico, ainda é prematuro afirmar que um canal de diálogo político efetivo entre os dois líderes foi aberto.
A declaração de Trump ocorre em um contexto de tensão nas relações bilaterais, especialmente após a assinatura de uma ordem executiva que impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, além de sanções ao ministro do STF Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky. Essas ações foram justificadas pelo governo americano como uma resposta a práticas do governo Lula que, segundo eles, prejudicariam empresas dos EUA e violariam direitos humanos.
Fontes do Itamaraty consideram que a fala de Trump pode indicar um movimento em direção a uma reaproximação, especialmente após o encontro do chanceler Mauro Vieira com o senador republicano Marco Rubio em Washington. No entanto, diplomatas ressaltam que conversas entre chefes de Estado exigem articulação prévia e que a declaração de Trump, embora positiva, não garante um diálogo imediato.
O presidente Lula, em entrevista ao The New York Times, havia afirmado que não havia interesse por parte dos EUA em dialogar sobre as tarifas. Diante das dificuldades, ele expressou disposição para contatar Trump diretamente, caso fosse atendido. A declaração do presidente americano pode, portanto, abrir um espaço para a reaproximação, mas ainda depende de sinalizações concretas da Casa Branca e de uma articulação cuidadosa entre as equipes diplomáticas.