As taxas dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto recuaram nesta sexta-feira, 22, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dar a maior indicação até aqui de que o banco central americano pode estar próximo de iniciar um ciclo de cortes de juros. O discurso, feito no simpósio de Jackson Hole, fortaleceu a expectativa de afrouxamento monetário já na reunião de setembro do Fed. Na abertura dos negócios, os prefixados operavam em alta, refletindo a cautela externa. Às 9h, o Tesouro Prefixado 2028 pagava 13,35% ao ano, enquanto o Prefixado 2032 rendia 13,93%. O Tesouro IPCA+ 2029 oferecia inflação mais 7,85%. Após as falas de Powell, às 12h05, as taxas viraram para queda. O Prefixado 2028 caiu a 13,27%, o Prefixado 2032 recuou a 13,85% e o IPCA+ 2029 foi a IPCA + 7,84%. Os prefixados de vencimento mais longo também cederam, embora ainda longe de devolver os ganhos dos últimos dias. Powell afirmou que a política monetária dos EUA segue restritiva e que, diante da desaceleração do mercado de trabalho, será necessário “revisitar” a taxa básica de juros, embora sem descartar riscos inflacionários. As declarações elevaram para quase 90% as apostas de corte de 25 pontos-base na reunião do Fed de setembro, contra 75% antes do discurso, segundo dados do CME Group. A fala impulsionou os ativos de risco no mundo, com os principais índices de Wall Street avançando em bloco, e os juros dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) cedendo – movimento que afetou diretamente os ativos locais: além dos juros em queda, o Ibovespa subia mais de 2% e o dólar recuava 1% contra o real. Para o mercado local, a sinalização de alívio monetário nos EUA reforça a atratividade do diferencial de juros, em um momento em que a Selic ainda está em patamar elevado. “Com a política monetária americana mais dovish, cresce a demanda por ativos brasileiros”, avalia Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.