As tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, implementadas pelos Estados Unidos no início de agosto, já causam impactos significativos no setor de madeira processada. Desde julho, cerca de 1,4 mil funcionários estão em férias coletivas e 100 foram demitidos, conforme informações da Abimci. A situação se agrava desde abril, quando uma tarifa de 10% foi aplicada, levando empresas a ajustar suas operações para enfrentar a crise.
O superintendente da Abimci, Paulo Roberto Pupo, destaca que muitas indústrias adotaram férias coletivas como estratégia para lidar com a queda nas exportações, especialmente para o mercado norte-americano. A Millpar, uma das principais empresas do setor, suspendeu sua produção em Guarapuava (PR), afetando mais de 720 funcionários. Com a concentração de 90% da produção madeireira nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o setor enfrenta um risco iminente de colapso, colocando em perigo aproximadamente 180 mil empregos diretos no Brasil.
Além das tarifas, os EUA iniciaram uma investigação comercial contra o Brasil, levantando preocupações sobre o desmatamento ilegal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para apoiar as empresas afetadas, mas especialistas como Ailson Loper da Apre consideram que essa medida é paliativa e que é necessária uma renegociação das tarifas para garantir a sustentabilidade do setor.