As novas tarifas comerciais aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros começam a impactar o mercado de trabalho, levando indústrias a adotarem férias coletivas como medida para conter custos. Setores como o madeireiro, calçadista e de armamentos registram quedas nas exportações, com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertando para riscos de prejuízos irreversíveis. O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou que a concorrência já é acirrada e que o ônus adicional pode inviabilizar a entrada em um mercado tão importante.
Os setores mais afetados incluem o metalúrgico, calçados e têxteis, com perdas milionárias previstas para o agronegócio, especialmente em estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que o tarifaço pode custar até US$ 5,8 bilhões em receitas de exportação. Um estudo da CNA indica que uma elevação de 50% nas tarifas poderia resultar em uma queda de 48% no valor total pago pelas importações, afetando diretamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
A resposta do governo brasileiro, que inclui um pacote de R$ 30 bilhões, foi considerada insuficiente por especialistas. Tirso Meirelles, presidente da Faesp, defendeu a necessidade de redirecionar recursos para programas de segurança alimentar. A advogada tributarista Flavia Holanda Gaeta e o economista Claudio Firschtak criticaram as medidas iniciais, enfatizando a importância de uma reforma tributária e uma política industrial mais robusta para enfrentar o crescente protecionismo global e diversificar as parcerias comerciais do Brasil.