A tarifa de importação imposta pelo governo Donald Trump sobre o café brasileiro está alterando as rotas comerciais do grão, favorecendo a China e levando comerciantes a buscar caminhos indiretos para os Estados Unidos. Com os EUA consumindo cerca de 25 milhões de sacas de café anualmente, um terço desse volume provém do Brasil, resultando em um comércio bilateral de US$ 4,4 bilhões até junho de 2023.
Especialistas do setor, como Michael J. Nugent, corretor sênior de café, afirmam que essa mudança afetará toda a cadeia produtiva, desde os produtores em São Paulo até os torrefadores em Seattle. A expectativa é que o Brasil, que normalmente exporta grandes volumes para os EUA, redirecione parte de sua produção para a China, onde o consumo de café tem crescido rapidamente, especialmente entre os jovens profissionais.
Dados da associação de exportadores Cecafé indicam que o Brasil exportou 538.000 sacas de café para a China no primeiro semestre de 2025. Além disso, a União Europeia pode se tornar um novo destino para os grãos brasileiros, já que não há tarifas aplicáveis. Especialistas em comércio sugerem que os exportadores podem contornar as tarifas enviando o café para outros países antes de chegar aos EUA, o que poderia aumentar os custos logísticos, mas minimizar o impacto da tarifa.
A situação também reflete tensões políticas, com analistas sugerindo que Trump utiliza o café como moeda de troca em sua disputa com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto isso, comerciantes têm até 6 de outubro para importar café brasileiro sem a nova tarifa, caso a carga tenha sido embarcada até 6 de agosto.