A recente imposição de uma tarifa de 50% sobre as importações de carne brasileira pelos Estados Unidos levanta preocupações sobre o futuro dos preços dos alimentos no Brasil. Especialistas afirmam que, apesar de uma possível queda temporária nos preços devido ao excesso de oferta, a tendência geral é de alta. Isso se deve à expectativa de redução na oferta de carne no país, já prevista antes do anúncio da tarifa, em decorrência da estratégia dos pecuaristas de priorizar a reprodução de fêmeas.
De acordo com economistas, a indústria brasileira de carne bovina planejava abater menos bois no segundo semestre de 2023, o que, aliado à nova sobretaxa, resultará em mais animais sendo mantidos nos pastos. Com a demanda interna pela carne se mantendo estável, a diminuição da oferta deve pressionar os preços para cima. Em junho, os preços da carne bovina no Brasil já apresentaram uma leve queda de 0,35% em relação a maio, mas, em comparação ao ano anterior, os valores aumentaram 23,63%.
A situação é ainda mais complexa, pois os frigoríficos brasileiros já começaram a interromper a produção de carne destinada ao mercado norte-americano, segundo Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Além disso, a redução no número de animais enviados para engorda e abate pode intensificar a escassez de carne no mercado interno, levando a um aumento ainda maior nos preços, conforme alertam especialistas do setor.
Embora apenas 20% da carne bovina produzida no Brasil seja exportada, a nova tarifa pode causar um efeito cascata nos preços internos. A expectativa é que, com a diminuição da oferta e a manutenção da demanda, os consumidores brasileiros enfrentem um cenário de preços crescentes nos próximos meses.