O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto nesta semana que eleva a alíquota de importação sobre produtos brasileiros para 50%. A medida, que impacta diretamente cerca de 35,9% das exportações do Brasil para os EUA, gera preocupações em diversos setores, que já buscam alternativas para mitigar os prejuízos. Apesar de uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico e o agronegócio, setores como máquinas, carnes e têxteis permanecem sob a nova sobretaxa.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou que a lista de exceções foi melhor do que o esperado, mas reconheceu que alguns setores enfrentam situações dramáticas. A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) estima que aproximadamente 10 mil empresas brasileiras, que empregam cerca de 3,2 milhões de pessoas, serão afetadas pela nova tarifa. Entre os setores mais impactados, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) prevê uma perda de US$ 1 bilhão nas vendas de carne bovina para os EUA.
Outras indústrias também expressaram preocupações. A Abic, que representa o setor cafeeiro, destacou que os cafés brasileiros são responsáveis por 34% do mercado nos EUA, enquanto a Abrafrutas alertou para graves impactos nas exportações de frutas, especialmente manga e uva. O setor de móveis, por sua vez, pode perder até nove mil postos de trabalho devido ao aumento nos custos. A Abicalçados e a Abit também manifestaram que a sobretaxa pode causar danos irreversíveis e severos impactos na economia nacional, respectivamente. O Instituto Aço Brasil, por sua vez, enfatizou que a medida agrava a situação já delicada do setor global de ferro e aço.