O Brasil enfrenta um surto alarmante de febre oropouche, com 10.940 casos confirmados em 2024, marcando a maior epidemia da doença no país. A febre, transmitida pelo inseto Culicoides paraensis, teve sua incidência drasticamente aumentada nos últimos anos, especialmente na região amazônica, onde foram registradas duas mortes. Pesquisadores da USP e do Instituto Butantan investigaram os fatores que impulsionaram essa expansão, revelando que temperaturas elevadas e chuvas intensas, juntamente com mudanças no uso da terra, são elementos-chave para a disseminação do vírus.
A pesquisa destacou que o C. paraensis se reproduz em ambientes de matéria orgânica, como plantações de cacau e banana, o que facilita sua proliferação. Além disso, alterações genéticas no vírus podem permitir que novos vetores, como o Culex quinquefasciatus, participem da transmissão, aumentando o risco de infecções em áreas urbanas. A coleta de dados é essencial para entender as condições ambientais que favorecem a proliferação da doença e identificar áreas de alto risco.
As implicações desse surto são preocupantes, pois a combinação de mudanças climáticas e desmatamento expande a distribuição do vetor e facilita o contato do vírus com novas populações. A resposta dos anticorpos diminui contra variantes do vírus, tornando populações previamente imunes suscetíveis à reinfecção. O controle do vetor é dificultado pelo uso de inseticidas em larga escala, que traz riscos à saúde dos trabalhadores e consumidores. A situação exige atenção urgente das autoridades de saúde pública para mitigar os impactos da epidemia.