Após o anúncio de uma tarifa de 39% sobre importações por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo suíço manifestou, nesta segunda-feira (4), sua intenção de continuar as negociações com Washington. A presidente suíça, Karin Keller-Sutter, afirmou que o país está determinado a encontrar um acordo que leve em conta as preocupações americanas, após uma reunião que discutiu o impacto da medida. Em contrapartida, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, declarou em entrevista que a tarifa é "quase definitiva".
O déficit comercial dos Estados Unidos com a Suíça, que atingiu quase 43 bilhões de euros em 2024, é uma das razões apontadas por Trump para a imposição da tarifa, levando a presidente suíça a afirmar que o mandatário americano acredita que a Suíça "rouba" os EUA. A Bolsa suíça reagiu negativamente ao anúncio, com o índice SMI apresentando uma queda inicial de 2%, embora tenha fechado o dia com uma diminuição de apenas 0,15%. Os Estados Unidos representam um mercado crucial para a Suíça, com 18,6% das exportações de mercadorias do país destinadas ao território americano.
Especialistas alertam que a nova sobretaxa pode impactar severamente a economia suíça, especialmente no setor farmacêutico, que representa mais da metade das exportações do país. Hans Gersbach, professor de economia da Escola Politécnica Federal de Zurique, estima que a tarifa pode reduzir o crescimento anual da Suíça entre 0,3% e 0,6%, com um possível impacto no PIB de pelo menos 0,7%. A Chocosuisse, entidade que representa os fabricantes de chocolate, também expressou preocupação, afirmando que a tarifa pode resultar em um aumento de preços e na possível retirada de produtos suíços do mercado americano.
Analistas da Vontobel ainda veem uma possibilidade de acordo que reduza as tarifas para um nível mais próximo dos 15% aplicados a outros países. No entanto, se as tarifas de 39% forem mantidas, os lucros das empresas afetadas poderão ser significativamente prejudicados.