O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de um inquérito para investigar uma suposta organização criminosa no Pará, que teria recrutado policiais para realizar saques milionários e cometido crimes eleitorais. O caso envolve uma licitação de R$ 142 milhões relacionada à COP 30, conferência do clima programada para novembro em Belém. O pedido de investigação foi feito pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, em 26 de fevereiro de 2024, e o inquérito foi instaurado em março.
Entre os investigados está o deputado Antônio Doido (MDB-PA), que possui prerrogativa de foro no STF, além de outras 11 pessoas, incluindo o secretário de Obras Públicas do Pará, Ruy Cabral, e o policial militar Francisco de Assis Galhardo do Vale. O inquérito, que corre sob sigilo, apura indícios de que o deputado lidera o esquema, que envolve empresas ligadas a ele, como a J. A Construcons Civil Ltda e a JAC Engenharia Ltda.
A licitação, que foi suspensa após as denúncias, visava a execução de obras em Belém, com o Consórcio Perna Norte vencendo a concorrência em setembro de 2024. No mesmo dia, Galhardo realizou um saque de R$ 6 milhões, levantando suspeitas sobre a origem do dinheiro e sua possível utilização para compra de votos nas eleições municipais. A Polícia Federal prendeu Galhardo e Geremias Hungria, dono da JAC Engenharia, em flagrante ao tentarem sacar quase R$ 5 milhões em outubro de 2024, após denúncias anônimas.
As investigações revelaram mensagens que indicam uma comunicação direta entre Galhardo e o secretário Ruy Cabral, sugerindo um encontro logo após a habilitação do consórcio na licitação. A PGR destacou que as mensagens interceptadas reforçam a conexão entre os envolvidos e a possibilidade de corrupção e manipulação eleitoral no contexto das obras para a COP 30.