O modelo de trabalho conhecido como ‘Escala 996’, que exige jornadas de 72 horas semanais, voltou a ser discutido, desta vez entre startups de Inteligência Artificial no Vale do Silício, Estados Unidos. Esse regime, que se estende das 9h às 21h, seis dias por semana, foi originalmente popularizado na China, onde foi considerado ‘escravidão moderna’ e proibido em 2021 após casos de mortes e problemas graves de saúde relacionados ao excesso de trabalho. Algumas empresas americanas já incluem essa rotina exaustiva nas descrições de vagas, oferecendo benefícios como refeições no escritório para atrair funcionários dispostos a aceitar essa carga horária intensa.
Executivos dessas startups justificam a adoção do modelo como uma estratégia para aumentar a competitividade em um mercado que se inspira na produtividade extrema observada na China. Will Gao, chefe de crescimento da startup Rilla, afirma que a prática reflete a mentalidade da Geração Z, que valoriza o esforço extremo em busca do sucesso. No entanto, essa abordagem tem gerado críticas entre os funcionários, que se sentem pressionados por um clima de competição e cobrança velada. Além disso, especialistas em direito trabalhista alertam que o modelo 996 contraria as leis trabalhistas americanas, que estabelecem limites para horas extras variando conforme o estado.
As implicações desse modelo de trabalho vão além da saúde dos funcionários; ele também levanta questões éticas sobre as condições laborais nas startups. Com bônus de até 25% no salário e participação societária oferecidos como incentivo, a pressão para aderir ao regime pode criar um ambiente tóxico. À medida que mais empresas adotam práticas semelhantes, o debate sobre os limites do trabalho e o bem-estar dos trabalhadores se torna cada vez mais urgente, exigindo atenção das autoridades e da sociedade em geral.