Em uma nota conjunta divulgada no dia 23 de agosto de 2025, a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) e a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) manifestaram sua oposição à decisão da Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias) de não incluir os medicamentos Ozempic e Saxenda no Sistema Único de Saúde (SUS). As associações argumentam que essa escolha elitiza o acesso ao tratamento da obesidade, desrespeitando os princípios de equidade, universalidade e integralidade do sistema público de saúde.
A Conitec justificou sua decisão com base no alto custo dos medicamentos, estimando que sua inclusão poderia gerar gastos entre R$ 3,4 bilhões e R$ 7 bilhões em cinco anos. No entanto, as sociedades médicas contestam essa justificativa, apontando que a negação da avaliação da sibutramina, um medicamento com custo mensal inferior a R$ 30, evidencia uma contradição nas políticas de incorporação de tecnologias no SUS. Elas destacam que a falta de acesso a tratamentos eficazes prejudica principalmente grupos vulneráveis, como mulheres negras periféricas de baixa renda.
As sociedades médicas lamentam a situação dos pacientes que não podem arcar com os custos dos medicamentos e enfatizam que essa exclusão acentua as desigualdades no acesso à saúde. Além disso, a Conitec já havia indicado a necessidade de acompanhamento especializado para os usuários desses fármacos, o que levanta questões sobre a adequação das políticas públicas em relação ao tratamento da obesidade no Brasil. A consulta pública realizada em junho de 2025 pela comissão para ouvir a sociedade civil e profissionais de saúde sobre o tema reflete a relevância e urgência dessa discussão.