Três grandes sociedades médicas do Brasil manifestaram forte oposição à decisão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), que não incluiu medicamentos injetáveis para obesidade e diabetes no Sistema Único de Saúde (SUS). Em uma nota conjunta divulgada no dia 23, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) afirmaram que essa medida fere os princípios de equidade e universalidade do sistema público de saúde. Atualmente, existem seis medicamentos aprovados pela Anvisa, mas todos estão disponíveis apenas no setor privado, resultando em elitização do acesso ao tratamento. As sociedades médicas criticaram também a rejeição da Conitec a pedidos de incorporação da liraglutida e da semaglutida, além da falta de avaliação da sibutramina, um fármaco de baixo custo. Elas argumentam que a obesidade está ligada a mais de 200 condições clínicas que elevam a mortalidade e geram altos custos ao sistema público. A decisão da Conitec, anunciada em 20 de agosto, foi baseada em preocupações orçamentárias, estimando um custo acumulado de até R$ 7 bilhões em cinco anos para a semaglutida. As entidades ressaltam que essa exclusão impacta desproporcionalmente mulheres negras e de baixa renda, e criticam a falta de consideração dos benefícios da perda de peso na avaliação econômica dos medicamentos.